Num destes dias encontrei um livro que, na contracapa, dizia "Seja mais feliz, seguro, confiante e amado. Esqueça suas limitações. Aumente a sua ignorância e promova o bem-estar geral". Isto fez-me pensar em toda a minha vida.
Foi na minha adolescência que comecei a deixar a minha ignorância e saboreei um pouco da vida. Na verdade, ainda hoje sei pouco da vida e, no entanto, parece-me as vezes que sei demais. Inicialmente, quando percebi que a vida não é um mundo cor-de-rosa, achava e dizia que eu já tinha sido feliz porque nunca tive um verdadeiro problema.
Pensando bem, eu fui feliz. Mas pergunto-me hoje se não terá sido uma felicidade disfarçada. Isto vai contrariar a frase da capa do livro, mas não de todo. É verdade que a ignorância ajuda no bem estar e felicidade de alguém. Mas quanto essa felicidade não é uma mentira?
Agora, que tenho mais uma série de anos em cima, percebo que a ignorância me fez perder muita coisa. Não me trouxe tristeza mas também não me deu momentos que só o saber pode oferecer.
O saber faz-me ver a vida a preto e branco, uma vida mais racional. E de repente, assim do nada, espreita um amarelo que traz consigo um vermelho, o dia volta a ter alguma cor. As vezes aparece o arco-íris todo. Mas as cores vêm apenas de visita, e ficam o tempo que lhes apetece ficar. E quando vêm, marcam. Fazem-me sentir uma verdadeira felicidade, como se me fizessem sentir mais viva.